Processo de desblindagem tem se tornado frequente, mas é um serviço complexo e tão caro quanto a blindagem. Veja se vale a pena
Ao mesmo tempo que o segmento cresce entre 20 e 25% ao ano, um movimento de “desblindagem” começa a ganhar relevância. Só que esse processo de reversão não é nada simples. Tampouco barato.
A desblindagem é até recente, mas a demanda por esse serviço tem se tornado comum. São donos de modelos seminovos blindados que querem devolver as características originais do carro, seja pelo peso extra que afeta o desempenho e o consumo, seja pelo custo elevado do seguro, pela dificuldade de revender o carro, uma vez que um blindado tem menor procura ou simplesmente pela falta de manutenção da blindagem.
Sim, veículo à prova de bala deve fazer revisões periódicas a cada 15.000 km, em média, especialmente dos vidros.
Porém, nada é tão simples quanto o prefixo “des” sugere. O processo de desblindagem é mais complicado até do que a blindagem em si. É preciso desfazer soldas e reforços que o veículo recebeu em partes da carroceria, como tampas do capô e do porta-malas, e em componentes, como freios e suspensão. Ou seja, o carro que foi adaptado corretamente terá todos os parâmetros alterados novamente.
Além disso, a lataria pode ter sido reforçada com placas de aço, que são coladas e aparafusadas – no caso de o material ser aramida é mais simples, pois é apenas colado. Além de desaparafusar, será preciso encontrar um meio de “tapar” ou esconder os vestígios que vão ficar.
Há pontos ainda mais críticos para o serviço de reversão. As portas são preparadas para receber os vidros grossos.
Ao colocar janelas normais e finas, ficarão frestas nas portas, que terão de ser readaptadas – é preciso ter equipamento adequado e mão de obra especializada para tal. Em alguns modelos de carros, no processo de retirada da blindagem é preciso até comprar portas e vidros originais.
“Há coisas que são difíceis de reverter, como o alargamento da porta, ou alguns cortes para o vidro que não vão encaixar. É um serviço complexo e que não é garantido que vai ficar perfeito”, alerta Marcelo Christiansen, presidente da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin).”

O Brasil registrou um novo recorde no setor de blindagem automotiva em 2024, com 34.402 veículos blindados, de acordo com a Associação Brasileira de Blindagem ( Abrablin ). Esse número representa um crescimento de 17,5% em relação ao ano anterior e marca o quarto ano consecutivo de aumento nas blindagens. Em 2021, foram pouco mais de 20 mil carros blindados, e em 2023, o número chegou a 29.296 unidades. Segundo Marcelo Silva, presidente da Abrablin, um dos fatores que contribuem para o crescimento do setor são os avanços na tecnologia de proteção balística, tornando a blindagem mais acessível. Além disso, a agilidade na homologação de produtos balísticos e as certificações de qualidade, como o Selo IQA, também têm aumentado a confiança dos consumidores. As marcas que mais blindaram no país em 2024 foram Toyota, Jeep, BMW, Volkswagen e BYD, indicando uma tendência de consolidação dos veículos eletrificados na frota blindada nacional. A frota total de veículos blindados no Brasil atualmente se aproxima de 400 mil unidades. O estado de São Paulo lidera o ranking de blindagens, com quase 85% das blindagens registradas em 2024, totalizando 28.962 veículos. Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Sul completam a lista dos estados com maior número de veículos blindados. Exceto o estado do Rio Grande do Sul, todos os outros registraram aumento no número de blindagens em comparação com o ano anterior. A região Nordeste tem se destacado como um mercado em expansão para a blindagem automotiva. Em 2024, o PIB da região cresceu 3,8%, superando a média nacional, liderado pelos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Esse crescimento econômico tem impulsionado a demanda por veículos blindados em estados como Ceará e Pernambuco, que aparecem frequentemente no ranking nacional de blindagem. Crescimento da blindagem automotiva no Brasil em 2024 Denis Valentin, diretor financeiro e operacional da Concept Be Safe, prevê um crescimento de 15% a 25% no número de veículos blindados em estados do Nordeste nos próximos anos, considerando fatores como o crescimento econômico e a maior percepção de insegurança em áreas urbanas. Atualmente, a blindagem de nível III-A, que suporta disparos de armas como Magnum 44 e pistola 9mm, é a mais aplicada no Brasil. Fonte: Alpha Autos Notícias